Relatando factos e /ou uma história de moral.
Dois individuos com sonhos financeiros comuns fizeram uma sociedade empresarial. Os negócios eram lucrativos até determinada altura e o relacionamento era óptimo.
A partir do momento que o lucro passou a prejuizo, as mentalidades de instintos primários começaram a revelar-se e talvez até no aspecto familiar e na forma de estar perante a sociedade.
Um de natureza calma e aparentemente tranquila, outro com a "genica" de tentar ainda atingir os seus projectos (fossem eles quais fossem), fazia o seu papel de honesto, trabalhador mas escondendo alguns "golpes baixos". Mandou partir a montra do escritório a um individuo cadastrado, espalhando informações falsas do ex-sócio, mandando SMS ao referido ex, á ex-esposa do ex com textos provocantes de nivel moral e ético de muito mau intimo, tentando sempre com todos os seus conhecidos explicar a sua versão em relação á empresa que detinha .
Em suma e utilizando uma velha expressão, começou a revelar-se velhaco. O outro que já queria alguma paz na sua vida, começou a refazê-la num sitio afastado, regressando esporádicamente á cidade onde viveu muitos anos e onde mantinha um bom relacionamento que sempre foi constante .
Sendo um Homem tranquilo, sempre que se encontrava na mesma zona com o referido, afastava-se ou ia embora do local para evitar conflitos devido ao temperamento do mesmo. Até um dia que visitava a sua cidade onde tinha filhos, estava com um grupo de amigos e sendo avisado por um deles, que o outro ia ter com ele para lhe "fazer a folha", abandonava por mais uma vez o local, fazendo mais uma vez "figura de covarde", para uns e para outros estava a ser um Homem de muita paciência.
E aconteceu uma trajédia mais ou menos imprivisivel, nessa mesma altura encontraram-se frente a frente, pouco ou nada disseram uma ao outro, mas o facto é que um tiro foi disparado, sendo um atinjido num testiculo e o outro ficou com o bolso do casaco routo na parte de baixo do mesmo. Agora as opiniões são muitas, talvez a intenção não fosse atinjir o outro, talvez fosse para o chão para intimidar atinjindo-o na perna quando o outro se lançou a ele. Talvez...talvez....talvez...
Uma vez ouvi uma história mais ou menos assim :
Era uma vez um sapateiro marreco, que tinha a oficina perto de uma escola. Alguns miúdos mais atrevidos, sempre que lá passavam gritavam :
-Ó MARRECO ! Ó MARRECO...
E o sapateiro durante cerca de vinte anos ouviu as provocações de alguns miúdos, sem nunca ter qualquer tipo de manisfestação perante os insultos, provocações ou lá o que eram.
Mas houve um dia que em que um martelo saiu da oficina atinjindo uma criança, e esta tendo sido ferida, obviamente o sapateiro foi a Tribunal.
O velho sapateiro, Homem calmo e tranquilo sentado perante o Juiz, levantou-se, interrompendo a ordem de trabalho e disse :
-Muito bom dia Sr. Dr. Juiz, como está, espero que tenha um excelente dia de trabalho.
E sentou-se . O Juiz agradeceu e continuou .
Passado um certo periodo, voltou a interromper e disse:
-Muito bom dia Sr.Dr. Juiz, como está, espero que tenha um excelente dia de trabalho.
Voltou a sentar-se como se nada fosse. O Juiz visivelmente irritado, desta vez nada disse continuando a ouvir várias testemunhas contraditórias.
O sapateiro voltando-se a levantar, começou:
-Muito bom dia Sr.Dr. Juiz... Sendo imediatamente interrompido pelo Juiz, quase gritando
-O Sr. está a gozar comigo? Se volta a insultar-me, a sua sentença será muito severa.
O velho sapateiro marreco, levantando-se e de uma forma muito educada retorquio :
-Sr. Dr Juiz, se acha que por três vezes seguidas e no mesmo dia o cumprimentei, é um insulto e um gozo perante sua Iminência, tente perceber o que ouvi muitas vezes por dia durante vinte anos. Sentado-se sem mais nada dizer até ao fim da audiência.
Para supresa de todos o velho homem foi absolvido.
O que poderemos pensar?
Será que o acto tresloucado do velho sapateiro merecia perdão?
Será de quem a culpa de ele ter chegado a um limiar de paciência?
Qual seria a sentença merecida?
A realidade é que o ser humano tem limites perante determinadas circunstâcias, o modo de agir não é igual para todos, sendo muitissimos factores que os condicionam, educação, meio envolvente etc, etc,etc...
Mas o que pode realmente ser muito grave é a capacidade maior ou menor de aprender com "erros", e adaptá-los a novas circuntâncias criadas ou novas.
Quero dedicar este pequeno trabalho ás duas pessoas envolvidas e espero que aprendam alguma coisa com os factos que foram gerados por muitos motivos, mas que os encarem de uma forma de aprendizagem da vida.