Lembrei-me de este artigo, já publicado em 2005, fico satisfeito por ter contribuido por ter despoletado um pouco o conceito de alimentação nas escolas, mas ainda há muito para precorrer, somente teriamos que todos ficar um pouco mais sensibilizados para os factos.
Serviços de Saúde (50; Última mensagem: 17:11 - 31/10/2005)- GADIS- Grupo de Apoio e Discussão- sobre os sistemas e serviços de saúde.
O Sistema de Saude esta certo?Autor:
Luis CapuchoData: 17:11 31/10/2005
Hoje todos temos a noção de que é melhor prevenir do que remediar. Mas todo o nosso sistema de saúde é feito na base da correcção e não na prevenção. Senão não teriamos uma necessidade crescente de mais médicos e hospitais, só porque cada vez temos mais doentes e com uma maior esperança de vida, mas com que qualidade? O artigo seguinte tenta demonstrar exactamente isto de uma forma súbtil. Ao longo dos tempos a alimentação desempenhou sempre um importante papel na história da humanidade. De uma forma muito sintética podemos nomear quatro períodos que marcaram a história da alimentação e consequentemente da espécie humana: 1º Período - Recolectores e Caçadores (homens nómadas, recolhiam alimentos e caçavam); 2º Período - Revolução Agrícola (Com a descoberta da agricultura dá-se a sedentarização/fixação do homem); 3º Período - Revolução Industrial (levou à industrialização da alimentação e consequente mudança de hábitos alimentares). Actualmente vivemos no 4º Período, o da chamada Revolução Científica, em que os conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano e da composição nutricional dos alimentos, tornaram possível o estabelecimento de bases científicas para a alimentação humana. Hoje em pleno século XXI, e apesar dos conhecimentos científicos entretanto adquiridos a alimentação equilibrada e adequada às necessidades de cada indivíduo ainda é uma utopia a atingir para muitos milhões de seres humanos deste planeta. Apesar de existirem recursos alimentares para todos, verifica-se ainda, uma assimetria na distribuição alimentar, com reflexos evidentes na morbilidade e mortalidade existente entre essas duas realidades distintas. Assim, existem doenças características dos países desenvolvidos (obesidade, diabetes, neoplasias, doenças cardiovasculares e outras), e doenças características dos países subdesenvolvidos (malnutrição, carências nutricionais globais (calorias, hidratos de carbono, proteínas e gorduras) e carências nutricionais específicas, nomeadamente de vitamina A, ferro, iodo e outras). Todos podemos contribuir para melhorar a situação alimentar mundial e suas consequências na saúde e na doença. Para tal, basta que cada um de nós, que dispõe de alimentos sem grandes restrições, aprenda a comer de forma equilibrada e adequada ao seu género, idade, actividade profissional e física, assim como as intolerâncias alimentares ou patologias existentes. 2- Erros alimentares mais frequentes em Portugal Sabemos hoje que existem vários factores alimentares implicados no aparecimento de diversas doenças. Em Portugal, cometem-se vários erros alimentares que têm uma influência directa no padrão de morbilidade e mortalidade da nossa população. Assim, torna-se urgente o combate aos seguintes erros alimentares: • Elevado consumo de sal: o O elevado consumo de sal é responsável pela elevada prevalência de doenças como a hipertensão arterial, cancro do estômago, doenças cerebro-vasculares e cardio-circulatórias. • Elevado consumo de bebidas alcoólicas: o Portugal encontra-se entre os maiores consumidores mundias per capita de álcool. Problemas psico-sociais e afectivos, cirrose hepática e diversos acidentes de viação e de trabalho têm no elevado consumo de álcool o seu grande responsável. • Elevado consumo de gorduras: o Doenças cardiovasculares, dislipidemias e obesidade são causadas pelo elevado consumo de gorduras na nossa alimentação. • Elevado consumo de açúcar e alimentos açucarados: o Os doces e bebidas açucaradas, quando consumidos em excesso, podem contribuir para o desenvolvimento de doenças como a obesidade, diabetes e a cárie dentária. • Reduzido consumo de alimentos ricos em fibras: o Hortaliças, legumes e frutos são excelentes fornecedores de fibras alimentares, vitaminas e minerais. Sabemos que o seu reduzido consumo está relacionado com o aumento da prevalência de doenças como a obstipação e alguns tipos de neoplasias. • Saltar refeições e não tomar o pequeno almoço: o Começar o dia sem tomar o pequeno almoço é um erro alimentar muito frequente. As suas consequências são hipoglicemias matinais, falta de atenção, diminuição do rendimento intelectual na escola e no trabalho, entre outras. o Saltar refeições intercalares, como as merendas da manhã e da tarde contribui para a perda da massa muscular, que é consumida para produzir a glicose essencial ao funcionamento das células, nomeadamente dos neurónios. 3- Algumas regras para uma alimentação saudável Uma alimentação saudável e equilibrada é uma das condições necessárias para viver uma vida longa e plena. Em seguida, enunciam-se algumas regras para uma alimentação saudável: • Evitar todos os erros alimentares anteriormente referidos. • A Alimentação deve ser muito variada, tendo em conta as recomendações emanadas pela Roda dos Alimentos Portugueses. • (Promover um consumo adequado de alimentos do grupo dos legumes e frutos (43% do total diário a ingerir), devido à sua riqueza em fibras alimentares, vitaminas (Vitamina C, vitaminas do complexo B e beta-carotenos) e minerais. • Restringir o consumo de calorias totais (adequar as calorias ingeridas às necessidades reais e à actividade desempenhada). • Preferir preparados culinários mais saudáveis como cozidos, cozidos a vapor, assados, grelhados e estufados. Evitar consumir fritos e refogados. Rejeitar sempre as partículas queimadas resultantes da confecção dos alimentos (nomeadamente nos fritos, assados e grelhados). • Fazer 5 ou 6 refeições diárias, distribuindo assim as calorias ingeridas de forma harmoniosa. • Ter o cuidado de comer calmamente, mastigando e ensalivando bem os alimentos. • Ingerir água, infusões, tissanas e chá ao longo do dia. Nunca esquecer que durante o Verão as necessidades hídricas aumentam. • Adoptar hábitos saudáveis como praticar desporto, não fumar e tentar viver de forma calma e sem stress. É preciso investir diáriamente na nossa saúde, alterando comportamentos alimentares, para ser possível colher os bons frutos desse investimento no futuro, que se pretende longo e saudável.